Ganhar ou perder?

Os jogos eletrônicos para videogames, celulares e tablets podem ser aliados ou vilões das crianças.

Olhos fixos, sem piscar. Movimentos precisos, boca seca, respiração ofegante. Esse é o comportamento daqueles que vivem no universo dos jogos eletrônicos. E eles estão por toda parte: no computador, no celular e no tablet, sempre ao alcance das mãos. Trata-se de uma invasão tecnológica que já fez parte da rotina de muitos adultos, mas também, e principalmente, de crianças e adolescentes. Em vista disso, os pais se perguntam: qual o limite para o meu filho se divertir sem prejudicar as suas tarefas cotidianas e até a sua saúde?

Especialistas dizem que muitas horas dedicadas aos jogos podem roubar o tempo de outras atividades importantes para o desenvolvimento infantil. “Se os pais não conseguirem impor limites com relação ao tempo de exposição a jogos eletrônicos, a próxima geração de crianças será imersa em um mundo povoado pela overdose de tecnologia”, previne a psicóloga clínica Rosemeire da Silva Lacalendola, pós-graduada em Psicossomática Psicanalítica. De acordo com uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o uso da tecnologia deve ser adaptado de acordo com a idade da criança e adolescente, sempre levando em consideração o desenvolvimento cerebral, cognitivo e psicossocial.

EVITE OS EXCESSOS
De acordo com a cardiologista infantil e pediatra Fernanda Viana, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), o excesso de tempo destinado aos jogos pode causar sedentarismo e obesidade, dores de cabeça, prejuízos de visão, lesões musculares pelo esforço repetitivo, má postura, entre outros problemas. Isolamento social, ansiedade e dificuldade para dormir, segundo Rosemeire, também estão entre os principais sintomas. “A luz emitida pela tela altera a liberação da melatonina, o hormônio que regula o sono e que só é disponibilizado no escuro”, complementa.

O LADO BOM
Por outro lado, a psicóloga explica também que os jogos, desde que direcionados de maneira coerente, podem proporcionar vários benefícios psicológicos, como a potencialização da imaginação, pensamento e aprendizagem, ajudando a criança a ter mais equilíbrio emocional e mental. “Os games determinam agilidade e raciocínio com estratégias de motivação, que geram satisfação e segurança quando os objetivos são alcançados”, acrescenta. Fernanda Viana vai além e inclui nessa lista o desenvolvimento da coordenação motora, que pode ser aproveitado para o aprendizado de algum tipo de instrumento musical, a melhora na capacidade voltada para a tomada de decisões, e a adaptação aos reveses da vida.

TUDO AO SEU TEMPO
Há uma idade certa para começar a jogar? Fernanda Viana acredita que sim. “A criança precisa ter certo grau de maturidade motora e mental para manusear os jogos, então, o melhor é esperar até os quatro anos completos”, aponta. Rosemeire observa que os pequenos com idade inferior a 12 anos não devem jogar mais do que uma hora por dia, e mesmo assim devem ser monitorados. “O tempo livre que resta deve ser preenchido com tarefas prazerosas, brincadeiras ao ar livre, leitura e esportes”, conclui.

TIPOS DE JOGOS
Os pais devem ter cautela com relação à modalidade dos jogos que os seus filhos escolhem. As crianças precisam estar protegidas da violência, com estilos que envolvam tiros, terror, morte, desastres, e que no final gerem pontos de recompensa, pois os pequenos não conseguem separar a fantasia da realidade. A pesquisa da SBP aponta que essa questão pode influenciar negativamente a formação da personalidade e banalizar a agressividade como uma fórmula para resolver conflitos sem pensar na dor e sofrimento das “vítimas”, aumentando, com isso, a impetuosidade e a indiferença em relação ao próximo.

Fonte: Revista Drogarias Ofertão